terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma grande queda - Um grande livramento

O caso que vou contar, é um caso muito especial. Foi uma experiência que exigiu da minha parte uma grande dose de fé e equilíbrio emocional. Sabemos que quando o emocional se sobrepõe ao discernimento espiritual, nos tornamos vulneráveis e incapazes de lidar com aquilo que nos aflige; ou que nos desafia ao extremo. Pois é, enfrentei em minha própria família um golpe tremendamente doloroso naquela altura. A esta experiência, darei o título de:

"uma grande queda - um grande livramento".

Aconteceu no ano de 1979; bem no início do ano - não me recordo se em fevereiro ou março. Estávamos em Portugal à pouco tempo (eu chegara em setembro e Célia, com as crianças, em novembro de 1978). Nossa vinda para Portugal fora um grande desafio para a família. Deixáramos Governador Valadares para trás, atendendo ao desafio das missões estrangeiras. Tudo era novo para nós. Dentre as diversas medidas que tomamos, logo no início; uma das primeiras foi matricular nossos filhos maiores (Calegari Filho, Elizeu e Ezequiel) na escola próxima à nossa casa. Nem imaginávamos o que nos esperava.

Defronte àquela escola havia uma bela pracinha. Na parte lateral da mesma, havia uma escada que ia descendo - da pracinha até uma fonte lá em baixo. Do primeiro ao último degrau, o desnível chegava a seis metros de altura. Era uma escada de pedra; lá em baixo, havia um grande pátio de pedra com a fonte ao fundo; uma imagem bonita de se ver. Ocorre que o muro que circundava a escola oferecia grande perigo para as crianças, pois o balaústre que servia de cercado, não era suficientemente alto para que as crianças não se aventurassem por ele (segundo informações que tive, duas crianças já haviam morrido, caindo dele.

Naquele dia ensolarado, alguns meninos brincavam por ali. Calinho, Elizeu e Ezequiel estavam entre eles. Mas o Elizeu começou a encenar queda, soltando as mãos e fazendo de conta que caia. Em determinado momento, não conseguiu se agarrar... E caiu mesmo! E na parte mais alta. Ouvi o baque da nossa casa; e também os gritos do Ezequiel: "Elizeu morreu... Elizeu morreu". Desci às pressas, imaginando algo ruim. Em lá chegando, o corpinho do Elizeu já vinha sendo trazido pelo dono de um bar que ficava próximo, que o pegara desmaiado. Elizeu ainda respirava, graças a Deus. Mas o quadro era preocupante. Um caroço em sua cabeça, do tamanho de uma laranja, causava espanto em todos os que se ajuntaram para ver. Peguei seu corpo mole e o levantei diante do Senhor. Fiz uma oração, cujo conteúdo não me lembro mais. Mas sabia em meu íntimo que tudo estava bem, pois o Senhor tinha promessas para meus filhos. Levei-o ao hospital de Ovar, onde residíamos. Ele foi submetido a muitos exames. Nem um mal havia sido detectado, graças a Deus. Saí com ele de mãos dadas comigo. Mais uma vez, dentre as muitas, Deus havia agido em nosso favor.

Rebuscando nos bastidores da memória, pude encontrar esta história, da qual Maria Célia é testemunha; pois, tal como eu, vivera aqueles difíceis momentos, desde a queda até o diagnóstico de que nada havia acontecido (na verdade, acontecera algo que os médicos não detectaram; mas sobre isso falarei em outro post, pois está também gravado nos bastidores da minha memória).

Cordialmente;
Bispo Calegari

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